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Reversão de Impairment

Reversão de Impairment

Reversão do Impairment -Indice
 

Você já se perguntou o que acontece quando o valor recuperável de um ativo que havia sofrido perda por impairment aumenta de um exercício para o outro? Neste caso, pode-se aplicar o processo da Reversão de Impairment. Confira tudo neste artigo!

De acordo com a norma contábil brasileira (CPC 01), as empresas devem reconhecer uma perda por impairment quando o valor recuperável de um ativo for menor que seu valor contábil. Esse reconhecimento é decorrente do teste de recuperabilidade ou teste de impairment.

No entanto, se o valor justo do ativo aumentar, a empresa pode reverter a perda, ajustando o valor contábil do ativo para cima até o limite do custo de aquisição.

Obs: A parcela do ágio (goodwill) não pode ser revertida.

 
 

O que é Perda por Impairment?

 
 

A estimativa de perda por impairment é uma redução do valor contábil de um ativo quando seu valor recuperável é menor que o valor contábil.

O valor recuperável é o maior valor entre o valor justo líquido de despesas de venda e o valor em uso. O valor justo líquido de despesas de venda é o preço que o ativo poderia ser vendido, menos as despesas de venda. O valor em uso é o valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados do ativo.

A estimativa de perda por impairment é uma despesa importante para as empresas, pois pode afetar significativamente o seu lucro. Portanto, é importante que as empresas tenham um processo adequado para identificar e reconhecer as perdas por impairment.

 
 

O que é Reversão de Impairment?

 
 

A revisão de perda por impairment é o processo de reavaliar o valor recuperável de um ativo que sofreu redução do seu valor devido ao impairment, para verificar se houve recuperação no seu valor recuperável. O valor recuperável é o maior valor entre o valor justo líquido de despesas de venda e o valor em uso.

Uma vez que o valor recuperável tenha aumentado de um exercício para o outro, é possível então desfazer (reverter) a estimativa de perda desse bem.

Exemplo Prático

Para exemplificar como seria um cálculo na prática, vamos utilizar o mesmo exemplo do artigo sobre Teste de Impairment e simular um caso de reversão de impairment. Confira abaixo os cálculos com Data base Ano 1 x Ano 2:

Data Base: Ano 1

Para o nosso exemplo, vamos utilizar uma máquina que faz parte de uma linha de produção de uma fábrica e no final do exercício ela apresenta os valores conforme a tabela abaixo:

Máquina

 

Valor original (custo de aquisição)

R$ 100.000,00

(-) Depreciação acumulada

R$ 41.666,67

(=) Valor contábil

R$ 58.333,33

Após o teste de Impairment, foi detectada uma perda por desvalorização:

Valor recuperável

R$ 55.665,92

Valor contábil

R$ 58.333,33

Perda por desvalorização (impairment)

- R$ 2.667,41 


 
 

Lançamento Contábil Reversão de Impairment 

Para esta mesma máquina, o lançamento contábil da reversão de impairment ficaria da seguinte maneira:

Contas Contábeis

Débito

Crédito

Despesa com perda por desvalorização da máquina (conta de resultado)

R$ 2.667,41

 

Perda por desvalorização da máquina (conta redutora do ativo imobilizado)

 

R$ 2.667,41

Máquina

 

Valor original (custo de aquisição)

R$ 100.000,00

(-) Depreciação acumulada

R$ 41.666,67

(-) Perda por desvalorização da máquina (Impairment)

R$ 2.667,41

(=) Valor recuperável do ativo

R$ 55.665,92

Data Base: Ano 2

Dando continuidade ao exemplo, vamos imaginar que no segundo ano a demanda do mercado pelos produtos fabricados por essa máquina aumentou. Com isso, as expectativas com relação a geração de caixa aumentaram significativamente. Desta forma, os cálculos ficariam como no exemplo abaixo:

Máquina em Data Base Ano 2

 

Valor original (custo de aquisição)

R$ 100.000,00

(-) Depreciação acumulada (12 quotas a mais)

R$ 51.666,67

(=) Valor contábil

R$ 48.333,33

Nova estimativa de caixa:

Ano

Entrada de Caixa

Saída de Caixa

FCF

1

R$ 35.000,00

R$ 5.500,00

R$ 29.500,00

2

R$ 30.000,00

R$ 5.000,00

R$ 25.000,00

3

R$ 28.000,00

R$ 4.800,00

R$ 23.200,00

4

R$ 25.000,00

R$ 4.500,00

R$ 20.500,00

5

R$ 20.000,00

R$ 4.000,00

R$ 16.000,00

 

R$ 138.000,00

R$ 23.800,00

R$ 114.200,00 

Considerando uma taxa de desconto (r) = 25% e trazendo a valor presente teremos:

Ano

Entrada de Caixa

Saída de Caixa

FCF

Valor Presente

1

R$ 35.000,00

R$ 5.500,00

R$ 29.500,00

R$ 23.600,00

2

R$ 30.000,00

R$ 5.000,00

R$ 25.000,00

R$ 16.000,00

3

R$ 28.000,00

R$ 4.800,00

R$ 23.200,00

R$ 11.878,40

4

R$ 25.000,00

R$ 4.500,00

R$ 20.500,00

R$ 8.396,80

5

R$ 20.000,00

R$ 4.000,00

R$ 16.000,00

R$ 5.242,88

 

R$ 138.000,00

R$ 23.800,00

R$ 114.200,00

R$ 65.118,08

Assim, os valores ficariam:

Valor recuperável (valor em uso)

  R$ 65.118,08

Valor contábil

R$ 48.333,33

Perda por desvalorização (impairment)

- R$ 0,00 

Como o valor recuperável é maior do que o valor contábil não há Impairment, entretanto, no ano anterior quando as premissas eram diferentes foi contabilizada uma perda. Nesse caso, a empresa deve efetuar a reversão total da perda constituída no exercício anterior

Assim, a contabilização ficaria conforme da seguinte forma:

Contas contábeis

Débito

Crédito

Reversão da Perda por desvalorização da máquina (conta redutora do imobilizado)

R$ 2.667,41

 

Receita com perda por desvalorização da máquina (conta de resultado)

 

R$ 2.667,41

Observação: Fiscalmente, esta receita (R$ 2.667,41) não será tributada (art. 15 da Lei número 11.941/2009). 

 
 

 

Como a Reversão da Perda Impairment entra no Balanço

Assim, neste exemplo, a posição final no balanço patrimonial seria conforme abaixo:

Máquina

 

Valor original (custo de aquisição)

R$ 100.000,00

(-) Depreciação acumulada

R$ 51.666,67

(-) Perda por desvalorização da máquina (impairment)

R$ 0,00

(=) Valor contábil

R$ 48.333,33

 
 
 
 

Considerações Finais

Para este artigo, utilizamos um exemplo que trata-se de um caso de reversão de impairment utilizando a metodologia do valor em uso (aumento da geração de caixa). Entretanto, o mesmo conceito se aplica para o valor líquido de venda. Isto é, se o bem valorizar significativamente no mercado, é preciso refazer o teste de impairment.

A empresa deve revisar o teste de impairment preferencialmente ao final de cada exercício ou quando houver indicação de alteração nas estimativas do valor justo.

Saiba mais!

Neste artigo constatamos que a reversão da perda por impairment é um processo que pode gerar ganhos significativos para as empresas. No entanto, é importante estar ciente das regras e dos procedimentos aplicáveis para garantir que a reversão seja realizada de forma correta e lícita. Se você gostou desse artigo, confira nossos conteúdos relacionado:

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👉 Contabilidade a Valor Justo: Conceito, Mensuração e Riscos de Adoção
👉 Teste de Impairment: Conceito, Como Fazer e Divulgação
👉 Contas do Ativo Imobilizado: Conceito e Exemplos
 
 
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Glauco Oda
Glauco Oda
Glauco Oda é bacharel em Ciência da Computação formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Ciências Contábeis pela Universidade Paulista (CRC 1SP326596), atual CEO da AfixCode Patrimônio e Avaliações, e sócio/diretor da OTK Sistemas e AfixGraf Soluções Gráficas. Carreira profissional toda desenvolvida na gestão do controle do Ativo Imobilizado, tendo participado de todas as fases e inúmeros projetos em mais de 20 anos de atuação profissional. | LinkedIn: /in/glaucooda

2 Comments

  1. Helton Paiva disse:

    Ótima explicação, me auxiliou muito.

  2. Elisabete Morais disse:

    Obrigada por seu artigo tão bem explicado e contextualizado em exemplo. Muito bom!!

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