A importância da depreciação e o sucesso da empresa
Controlar o ativo imobilizado não é simplesmente “chapear os bens”, e sim adotar uma política gerencial que tenha como objetivo a longevidade da empresa.
Essa semana uma notícia foi muito comentada na mídia e nas redes sociais. Matt Rognlie, um estudante do MIT (Massachusetts Institute of Technology) postou no blog de economia Marginal Revolution um comentário sobre o livro “O Capital do Século XXI” do francês Thomas Piketty. O best-seller que defende a tese que a concentração de renda se retroalimenta pois os mais ricos possuem mais capitais e o retorno sobre ele tende a ser maior comparado com o retorno sobre o trabalho.
Matt Rognlie escreveu que a obra “O Capital no Século XXI” negligencia um ponto sutil, mas absolutamente crucial: a importância da depreciação. Isto é, um computador perde seu valor de aquisição com o uso, tornando-se obsoleto com o tempo, exatamente o oposto do que ocorre na fórmula do francês. O erro, segundo o estudante, foi simplesmente supor que a maior parte do capital se valorizava com o tempo, quando na verdade esse processo não se aplica a todos os fatores da produção (apenas ao setor imobiliário).Na economia produtiva, isto é nas empresas em geral, principalmente naquelas cuja manutenção do negócio está diretamente ligada ao seu ativo imobilizado, o efeito da depreciação é consideravelmente mais forte. Além disso, o ativo imobilizado pode perder o valor pela obsolescência tecnológica, mudança do processo produtivo e até pela mudança de hábito de consumo.
Um empresário tem a necessidade de reinvestir o seu capital na aquisição ou reforma de máquinas para poder manter e ou aumentar a produção. Desta forma, o aumento do valor do ativo imobilizado geralmente não é pela a valorização do capital investido no imobilizado e sim devido ao aumento do capital investido na compra de equipamentos ao longo do tempo.
Trazendo esse tema para a nossa realidade brasileira, vemos claramente também que por aqui muitas empresas ainda não dão a devida importância ao controle do ativo imobilizado e depreciação. Reflexo disso é que essa postura acaba colocando em risco o futuro do próprio negócio. Se a empresa não tem uma política de renovação do seu imobilizado, a tendência é que essa empresa passe a ter dificuldade para competir com a concorrência e não dispor de recursos financeiros quando decidir renovar seu imobilizado.
Controlar o ativo imobilizado não é simplesmente “chapear os bens”, e sim adotar uma política gerencial que tenha como objetivo a longevidade da empresa. Todas as empresas devem elaborar e adotar uma política de renovação do seu parque fabril. É o que faz por exemplo o departamento de tecnologia que promove a substituição de computadores periodicamente para acompanhar a evolução tecnológica e demanda por processadores mais potentes.
Além disto, o balanço patrimonial da empresa deve refletir fielmente o valor da empresa. Sem controle físico do imobilizado comprovado por meio de inventários periódicos e cálculo da depreciação através de taxas que representam a vida útil econômica efetiva dos bens não há como elaborar demonstrações financeiras confiáveis.
Depreciar corretamente os bens do ativo imobilizado, ou seja, determinar a taxa de depreciação que reflita a vida útil econômica dos bens requer um trabalho de avaliação correta de vários fatores. Não é somente a durabilidade do item que determina a taxa de depreciação, existem outros fatores que determinam a sua vida útil.
Estar atento e acompanhar a depreciação do parque fabril é um dos fatores primordiais para garantir o sucesso e a longevidade empresarial. Isto sim irá garantir a valorização do capital investido devido a possibilidade de gerar receitas por mais tempo. O retorno sobre o capital investido no setor produtivo será bom somente quando o capital investido for bem administrado sendo primordial um bom controle do patrimônio.
1 Comment
Muito boa sua colocação, pois principalmente as pequenas médias empresas não dão a devida importância a depreciação do imobilizado.
Parabéns!